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O renomado primatólogo Russell Mittermeier se torna a primeira pessoa na história a ver todos os 80 gêneros de primatas na natureza

Novo documentário da BBC apresentando o recorde foi ao ar no dia 17 de maio de 2020 no Reino Unido

Russ Mittermeier observando macacos Kipunji na Tanzânia, em abril de 2019. A observação fez dele a primeira pessoa a ver todos os 80 gêneros de primatas na natureza. (Foto de Stuart Dunn / BBC)

 

Russell Mittermeier, primatólogo renomado e Diretor de Conservação da Global Wildlife Conservation, é a primeira pessoa na história a ver todos os 80 gêneros de primatas na natureza. Uma equipe de filmagem da BBC capturou o momento histórico em que viu o último gênero de primatas de sua life-list na Tanzânia, em abril de 2019. Mittermeier e a equipe de filmagem caminharam pela densa floresta nas montanhas do sudoeste da Tanzânia para encontrar os macacos kipunji (Rungwecebus kipunji), criticamente ameaçados de extinção, que só foram descritos pela ciência em 2006. As imagens que capturam o avistamento do macaco kipunji por Mittermeier aparecem na nova série de documentários sobre natureza Primates. O episódio com Mittermeier vai ao ar na BBC One no Reino Unido no domingo, 17 de maio às 20h15 (GMT).

O macaco Kipunji (Rungwecebus kipunji) representa o 80º gênero de primatas que Russ Mittermeier já viu na natureza. (Foto de John C. Mittermeier)

O momento o momento aconteceu após 50 anos de dedicação de Mittermeier ao estudo de primatas.

“Sempre fui fascinado por primatas”, disse Mittermeier. “E sendo colecionador, eu sempre mantenho listas de tudo o que vejo e faço. Tenho cinco décadas de anotações de campo detalhadas, cheias de observações da vida selvagem, e principalmente primatas. Mas isso é muito mais que um hobby. Há muito tempo, promovo o ecoturismo de primatas, porque vejo como uma de nossas ferramentas mais importantes para alcançar a conservação de primatas em todo o mundo”.

Embora ele seja o pioneiro da observação de primatas, Mittermeier pegou emprestada a ideia da comunidade de observadores de pássaros (birdwatching) e espera que um dia a observação de primatas (primatewatching) comece a alcançar a observação de aves em sua popularidade e competitividade. A observação de aves é uma indústria de pelo menos US$ 50 bilhões por ano, apenas nos Estados Unidos, com mais de 50 milhões de pessoas se identificando como observadoras de pássaros. Mittermeier acredita que uma comunidade de naturalistas amadores e profissionais dedicados poderia ajudar a proteger os primatas e gerar uma receita muito significativa para as comunidades locais do ecoturismo.

“Fiquei realmente inspirado pelo meu filho John, que é um observador de pássaros de classe mundial”, disse Mittermeier. “Por meio dele, vi como a comunidade de observação de aves é incrivelmente competitiva, interconectada e global. E eu pensei que certamente podemos obter muito mais atenção focada nos primatas, tornando a observação de primatas competitiva e levando as pessoas a lugares remotos para adicionar espécies às suas life-lists e, ao fazê-lo, fornecer apoio às comunidades locais”.

Mittermeier emprestou sua experiência para ajudar a tornar a observação de primatas mais acessível. Ele e sua equipe produziram guias de campo e guias de bolso para ajudar os amadores a identificar as mais de 700 espécies e subespécies de primatas, muitas das quais podem parecer muito semelhantes. Ele até ajudou a desenvolver um aplicativo para observação de lêmures.

“Sempre fui fascinado por primatas. Há muito tempo, promovo o ecoturismo de primatas, porque vejo como uma de nossas ferramentas mais importantes para alcançar a conservação de primatas em todo o mundo”, diz Russ Mittermeier, Diretor de Conservação da Global Wildlife Conservation. (Foto de Stuart Dunn / BBC)

Mittermeier começou a estudar primatas em 1969 e sua longa história de encontrar primatas elusivos começou pouco depois em 1970, quando viu seu primeiro primata selvagem, um macaco-aranha, nas ruínas de Tikal, na Guatemala. Alguns de seus avistamentos de primatas mais memoráveis ​​foram logo nos primeiros dias de sua carreira. Em 1973, ele refez os passos dos famosos naturalistas Henry William Bates e Alfred Russell Wallace na Amazônia para encontrar macacos uacaris (Cacajao spp.). Mittermeier navegou pelas densas florestas inundadas da bacia do rio Amazonas e se tornou a primeira pessoa não-nativa a ver esses macacos em seu habitat natural.

No ano seguinte, Mittermeier partiu em mais uma expedição para encontrar o macaco barrigudo de cauda amarela peruano (Lagothrix flavicauda), que havia sido originalmente descrito por Alexander von Humboldt em 1812, mas até então não era visto desde 1926. Depois de quase 50 anos sem avistamentos científicos confirmados, ele encontrou um como animal de estimação em uma vila. Quase uma década e duas viagens depois, em 1983, Mittermeier retornou aos Andes peruanos e finalmente encontrou esses macacos barrigudos em seu habitat natural e os filmou pela primeira vez.

Como resultado da pesquisa de Mittermeier, duas áreas protegidas foram estabelecidas para esses macacos no Peru. Ele voltou em 2010 e descobriu que o Parque Nacional do Rio Abiseo e a Área Protegida Alto Mayo estavam prosperando e mantendo populações saudáveis ​​de macacos barrigudos de cauda amarela.

Os primatas mais difíceis de ver na lista de observação de Mittermeier foram os macacos do pântano de Allen (Allenopithecus nigroviridis) na República Democrática do Congo. Esses macacos vivem no fundo de pântanos quase inacessíveis, que só podem ser navegados por canoa.

Macaco Kipunji (Rungwecebus kipunji), criticamente ameaçado de extinção, só foi descrito pela ciência em 2006. Seu gênero atual Rungwecebus foi uma homenagem ao Monte Rungwe, localizado na serra de Udzungwa, no planalto sul da Tanzania. (Foto de John C. Mittermeier)

 

O kipunji, o último primata da lista de Mittermeier, também não foi fácil de ver. Ele vive em uma região montanhosa, o que pode dificultar o acesso ao seu habitat natural. O macaco kipunji foi descrito pela primeira vez por Trevor Jones, da Universidade da Geórgia, e seus colegas em 2005 como uma espécie de mangabey. Análises genéticas posteriores revelaram, no entanto, que ele estava mais relacionado aos babuínos, e em 2006, Tim Davenport, um cientista da Wildlife Conservation Society, o colocou em seu gênero atual Rungwecebus, em homenagem ao Monte Rungwe, parte da serra de Udzungwa no planalto sul da Tanzania.

Não é incomum que novos gêneros de primatas sejam reconhecidos após a análise genética e isso pode significar que Mittermeier possa ter mais viagens no futuro, para continuar a garantir que tenha visto todos os gêneros de primatas.

“Quando comecei a trabalhar com primatas, havia cerca de 180 espécies, e agora existem 706 espécies e subespécies, e aumentando”, disse Mittermeier. “Isso ocorre, em parte, por causa de muito mais exploração em partes remotas dos trópicos, onde ocorrem 90% dos primatas não humanos e, em parte, por causa de análises genéticas muito mais sofisticadas, que nos permitem definir mais claramente as diferenças entre as espécies”.

Ele prevê que o loris pigmeu (Nycticebus pygmaeus) do Sudeste Asiático é o candidato mais provável a ser reclassificado como um novo gênero.

“Assim que ocorrer a reclassificação, vou pegar um avião e voar para lá, porque esse é um que ainda não vi”, disse Mittermeier.

Mais informações sobre a série Primates, bem como um blog escrito por Mittermeier, estão disponíveis no site da BBC.

 

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Global Wildlife Conservation

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Esse texto é uma tradução livre da matéria originalmente compartilhada pela Global Wildlife Conservation.

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